26.7.14

Renovar


Eu acredito muito no poder que as palavras têm. Acredito que se me disserem algo lindo, aquilo me faz sentir bem, da mesma forma como se me disserem algo que me magoe, aquilo vai-me "atormentar". Acredito no perdão, e acredito que quem sabe perdoar tem o mundo na sua mão. Mas perdoar, não tem o mesmo significado de esquecer, alias, perdoar significa que deixas passar aquele erro ao lado, significa que não lhe darás importância, porque momentos como esses toda a gente tem, mas tu não esqueces, não tens um interruptor ou uma tecla que delete isso. A mente tem a capacidade de guardar certos momentos pelos quais passaste e te marcou, bons ou ruins. Eu tenho imensos desses momentos, igualmente bons e ruins e embora eu faça o esforço de não querer relembrar, é a mente que me relembra, ou um sitio, ou uma palavra e eventualmente até um gesto.
Eu perdoo, porque cometer erros, sentir, gritar, chorar, tudo isso faz parte do ser humano. Tudo isso está no nosso ADN enquanto pessoas. E o que aprendi é que, eu preciso de perdoar para que um dia também possa ser perdoada, porque se eu admitir a mim mesma que eu também sou humana, que eu também posso passar por aquele momento, eu percebo que não sou mais do que essa pessoa, e se eventualmente essa pessoa não quiser saber do nosso perdão, eu continuarei a não ser melhor que essa pessoa, mas passo a ser diferente. Diferente porque sei o que é ser, porque sei como é estar em tal posição, mas o que realmente me torna diferente é o facto de poder perdoar, com significado para a pessoa ou não, mas sei que o faço porque não sou melhor do que ela.
As palavras conseguem ferir qualquer pessoa quando a intenção é essa, mas também conseguem tranquilizar, fazer-nos sentir úteis, fazer-nos sentir bem, conseguem alegrar. As palavras têm poder, daí eu ter sempre cuidado com o que digo, porque nunca sabemos o que poderemos causar em alguém. Durante muito tempo, aceitei que me dissessem aquele tipo de palavras horríveis que nos fazem sentir descartáveis, mas agora já não. Porque me apercebi que me estava a enterrar viva por deixar alguém me maltratar verbalmente. Não culpei quem me fazia isso, culpava-me a mim mesma, porque eu nada fazia para que tal situação mudasse. A verdade é que hoje não me deixo afetar por nada disso, porque o que me faltava era a valorização por mim mesma, aprendi com isso, cresci com tudo isso e renovo-me sempre mais a cada dia.
Se te perguntares o que estás cá a fazer, não vais obter resposta. Nem eu te diria, mas ao invés de te perguntares e fores em busca, terás todas as respostas às tuas perguntas. Não penses no que é mais acertado a fazer, e simplesmente arrisca. Arrisca num sonho, arrisca numa aventura, arrisca no que sentes, porque se não o fizeres, viverás sempre o mesmo quotidiano, a mesma rotina, porque achas que pensar no assunto é o mais acertado, mas não é, nem sempre é. Como é que achas que o rio chega ao seu destino? Achas que ele pensa no que terá de passar? Ele arrisca-se e atreve-se a conhecer o desconhecido para ele, ele está vendado não sabe o que lhe está reservado no caminho. Mas sabes do que ele tem a certeza? Quer pense, ou se arrisque, os obstáculos estarão sempre reservados para o caminho dele.
Por isso pensa. Vale mesmo a pena viveres o teu dia no chão? Não tenhas medo, porque de vez em quando podes saltar do céu, é que no fim vais sempre por calcar o terreno. Apenas, desfruta do facto de poderes saborear o sabor do desconhecido, o poder de te sentires enriquecido em total liberdade dos teus medos, das tuas preocupações.
Deixa-te andar vendado às vezes, porque os teus obstáculos irão aparecer de qualquer maneira, mas desfruta desse facto, porque nesse momento tenho a certeza que os obstáculos não estariam à espera dessa tua versão.